International Menopause Society Associação Brasileira de Climatério

Terapêutica Hormonal com Testosterona na Pós-Menopausa

Em setembro de 2019, na cidade de Berlim, reuniram-se os maiores especialistas na área hormonal feminina para elaborar um Consenso sobre o uso da testosterona nas mulheres. Isso ocorreu devido à preocupação das maiores Sociedades Médicas da área, incluindo a Sociedade Internacional de Menopausa, sobre o uso indiscriminado deste hormônio nas mulheres. Há décadas, a testosterona vem sendo usada com a intenção de aliviar uma variedade de sintomas, como a perda de massa muscular e a diminuição de energia, com benefícios e riscos incertos.

A conclusão do Consenso, após avaliar os estudos confiáveis já existentes (duplo-cegos randomizados), foi que a única indicação atual para o uso da testosterona em mulheres é o tratamento da falta de desejo e resposta sexual como um todo na fase de pós-menopausa, excluídas outras causas para essas disfunções. Após uma avaliação minuciosa dessa queixa na mulher, pode-se fazer um teste terapêutico de seis meses, com o uso da testosterona por via percutânea ou transdérmica, para o alívio desses sintomas. Essa paciente deve fazer toda a avaliação ginecológica e clínica normal antes de iniciar a terapêutica. É muito importante verificar se essa candidata à terapia com testosterona não tem risco cardiovascular aumentado, com comorbidades como hipertensão, colesterol aumentado e outras doenças coronarianas.

Se a avaliação ginecológica está normal e em dia, é iniciada a terapia estrogênica, pois o desejo sexual na mulher é mediado principalmente pelo estrogênio, e porque a grande maioria dos trabalhos existentes foram feitos com mulheres que também estavam utilizando esse hormônio na terapêutica hormonal. Logo, para uma terapia eficaz, o uso da testosterona deve ser precedido pela normalização dos níveis de estrogênio.

O objetivo do tratamento é alcançar os níveis fisiológicos pré-menopausa. Nessas doses, normalmente ocorrem efeitos colaterais leves, como acne e aumento da pilificação. Não ocorrem, nesse caso, efeitos colaterais de uma dose excessiva de testosterona, como alopécia, hipertrofia do clitóris e alteração de voz. Em relação à segurança para a mama, os estudos mostram claramente que a testosterona não aumenta a densidade mamária e não aumenta o risco para câncer de mama. Vale lembrar que esses efeitos sobre a mama foram avaliados como seguros para uso de até 24 meses. Ainda não temos resposta para efeitos a longo prazo. Em relação a pacientes que já tiveram câncer de mama,  recomenda-se muita cautela, tendo em vista que na maioria dos trabalhos esse grupo de mulheres não foi estudado. E como nelas a terapia com estrogênio é contra-indicada, eu não indicaria esse tipo de tratamento.

A paciente que está sendo tratada com testosterona deve ser monitorada (acerca dos sintomas e melhora) após 3 e 6 meses. Caso não haja melhora com adequação das doses em 6 meses, o tratamento é suspenso. Atualmente, tenho várias pacientes que usam testosterona por via transdérmica em creme de pentravam (cuja absorção é facilitada pela pele), com um grau de satisfação bastante alto. Nos trabalhos do Consenso, não foi feita comprovação sobre outros efeitos da testosterona, como bem estar, humor e cognição. Mas na prática clínica, observo mais disposição quando usada pela manhã.

No Brasil, as doses de testosterona existentes nas farmácias tradicionais são voltadas para homens. Não temos ainda formulações com doses adequadas para as mulheres. Por este motivo, dependemos das farmácias de manipulação para seguir as doses recomendadas pelo Consenso. Em resumo, há necessidade de mais trabalhos nessa área e que continuemos esperando pelo lançamento de produtos nessa área nas farmácias brasileiras para o público feminino, como já ocorre em outros países.

Dra. Juliana Jansen – Ginecologista
CRM 9772-SC/ TEGO 359-2000

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